05/07/2016 11h01 - Atualizado em 18/07/2016 13h55

Arquivo Público recebe coleção de imagens de famílias pomeranas

Uma coleção de 21 reprografias – documentos reproduzidos a partir dos originais – de fotografias de famílias pomeranas foi doada pela Galeria Homero Massena, para compor o acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). As imagens são de Ervin Kerchoff e trazem aspectos do cotidiano dos imigrantes e seus descendentes. Elas foram capturadas nas primeiras décadas do século XX, em Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá.   

Ervin Kerchoff e a fotografia rural capixaba

Almerinda da Silva Lopes, na introdução do livro “Pommerland: a saga pomerana no Espírito Santo” aborda a vida do alemão Ervin Kerckhoff e as suas atividades. Nascido em Berlim, desembarcou no Rio de Janeiro em 1911, partindo em seguida para a colônia agrícola de Santa Leopoldina para visitar amigos ali assentados. Encantado com a natureza local decidiu morar na região e exercer a profissão de fotógrafo, além de cultivar café em sua propriedade. Teve forte atuação na comunidade na implantação de melhorias técnicas nas lavouras, na defesa da preservação das matas e no apoio ao ensino nas escolas.

Em 1928, viajou para a Alemanha e trouxe novos equipamentos e materiais, que lhe permitiram se aperfeiçoar no ofício.  “Ao retornar, ampliou a itinerância para comercializar retratos a famílias e colonos, carregando em lombo de cavalo câmaras, chapas de vidros e frascos de produtos químicos para preparar os negativos. Kerckhoff também aceitava encomendas para fotografar casamentos e outros ritos religiosos nos finais de semana” destacou Almerinda. Segundo ela, o mérito da sua atuação, voltada a uma clientela rural, está em suprir a necessidade dos imigrantes por imagens, no equilíbrio e tentativa de harmonizar as composições, assim como no esmero na fixação e lavagem dos retratos, que garantiam a durabilidade.

Sendo um dos pioneiros, mostrou-se hábil no emprego de artifícios para atenuar as carências existentes para compor cenários ilusórios e refinados. Recorria, constantemente, à própria natureza ou à fachada da residência dos agricultores. Se a casa era precária, a preferência era por um fundo neutro, improvisado com lençóis ou colchas fixados a uma cerca de madeira ou parede. Nas fotografias os casais apareciam geralmente no centro, rodeados pelos filhos e netos. Era comum também participarem do registro os animais das criações, como galinhas, bois e cavalos.

“Tal inserção confirmava o orgulho do proprietário de residir em uma casa confortável, pois a finalidade das imagens era enviá-las a parentes e amigos que ficaram na Pomerânia, atestando as conquistas dos imigrantes na ‘terra prometida’. Em um universo de carência, isolamento e trabalho árduo, numa época em que a fotografia era ainda símbolo de status, adquirir um retrato da família equivalia a uma espécie de troféu. Subliminarmente, ao ofertarem a imagem, queriam atestar que valeu a pena fugir da miséria e do desemprego para se aventurar em um país distante” argumenta a autora.  

Imigração Pomerana

A Pomerânia estava localizada entre a Europa e o Mar Báltico. A historiadora Cione Marta Raasch Manske, no livro “Pomeranos no Espírito Santo”, ressalta que o solo fértil, a diversidade hídrica e a localização estratégica desencadearam disputas pela posse da terra na Idade Média, deixando-a marcada por guerras, epidemias e fome. A imigração, neste contexto, mostrou-se como uma opção para a sobrevivência. Durante um período prolongado, diferentes guerras devastaram o local. Em 1720 o território é conquistado pela Prússia, que em 1817 institui a Província Prussiana da Pomerânia. No século XIX, conforme destaca a autora, mudanças políticas, econômicas e sociais contribuíram de forma significativa para o agravamento da situação de crise. A instabilidade social gerada pelo desemprego impulsionou os pomeranos a imigrarem para o Brasil, primeiramente a Santa Catarina e ao Espírito Santo, aonde desembarcaram na década de 1850.

Acervo fotográfico

Para conhecer essas reprografias, feitas pelo jornalista Rogério Medeiros em 1978, e outras imagens que fazem parte da memória capixaba, o Arquivo Público dispõe de um banco com aproximadamente 50 mil fotografias. Nelas há registros dos atos oficiais dos governadores, paisagens, arquitetura urbana, festas populares, dentre outros temas. A pesquisa e digitalização dos documentos podem ser solicitadas na sala de consultas do APEES, na Rua Sete de Setembro, 414, no Centro de Vitória.

Informações à imprensa:

Arquivo Público do Estado do Espírito Santo

Jória Motta Scolforo

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