Censos Capixabas
Antiga Aldêa Velha, outrora Santa Cruz, hoje Aracruz
A freguesia [paróquia com status de distrito territorial durante os períodos colonial e imperial] de Nossa Senhora da Penha de Aldêa Velha foi criada pela Lei Provincial N.º 5 de 1837.
Em 1848, tornou-se “vila” com a denominação de Santa Cruz pela Lei Provincial N.º 2, passando a existir enquanto município, desmembrado do extinto município de Nova Almeida [cujo território hoje compreenderia parte do município de Serra e todo o município de Fundão].
Pelo Decreto Estadual N.º 19 de 18 de março de 1891, a vila de Santa Cruz é elevada a categoria de “cidade”.
Em 1943 pelo Decreto Estadual N.º 15.177 de 31 de dezembro, o distrito sede, e o município passam a se chamar Aracruz [Santa Cruz em Tupi].
Em 1948, cem anos após a criação do município, por força de Resolução da Câmara Municipal, foi transferida a sede do distrito de Aracruz [antiga Santa Cruz] para o distrito de Sauassú, ficando neste, a atual cidade de Aracruz. Em conseqüência deste fato, o antigo distrito que outrora fora a sede do município voltou a se chamar Santa Cruz.
O documento e sua origem
O presente documento é um mapa nominal (lista ou relação) de todos os habitantes da antiga freguesia de Nossa Senhora da Penha de Aldêa Velha, hoje município de Aracruz, por volta do ano de 1843.
Foi compilado pelo então vigário de Aldêa Velha, Padre Ribeiro, com base nas relações a este fornecidas pelos inspetores de quarteirão.
A origem do mesmo está registrada em uma Portaria da Presidência da Província de 20/02/1843, na qual, solicita a todos os vigários que remetam, em tempo hábil, informações para a feitura do relatório que este remeteria a Assembléia Provincial.
Conforme Ofício de 18/03/1843 do vigário ao presidente, não foi possível entregar os dados populacionais no prazo estabelecido, apontando como causa do atraso como sendo a incompetência dos inspetores de quarteirão.
Somente no Ofício de 02/05/1843, o vigário finalmente encaminha o “Mappa”.
O documento é constituído de 40 folhas de papel, num total de 80 páginas manuscritas.
Consta nas folhas 18 a 52 do Códice No 311, "Correspondência recebida pelo Presidente da Província, de Autoridades Religiosas e Diversos de Santa Cruz [Aracruz] (1840-1920)" pertencente a Série Accioly do Fundo Documental Governadoria, sob o título MAPPA DA POPULASAM DA FREGUEZIA DE NOSSA SENR.A DA PENHA DE ALDÊA VELHA; PERTENCENTE AO ANNO DE 1843;
Conteúdo
As informações foram apresentadas em forma de tabela onde se destacou informações como nome, idade, parentesco, grupo étnico, naturalidade, estado civil, profissão e, em alguns casos, observações.
No “Mappa” foram arroladas no total 2.020 pessoas, das quais se destacam 215 “Brancos”, 118 “Pretos”, 1.489 “Índios”, além de outras designações que apresentam o processo de mestiçagem como 09 “Cabras” (mestiço de “mulato” com “preto”), 29 “Caribocas” (mestiço de “preto” com “índio”), 17 “Mamalucos” (mestiço de “branco” com “índio”), 24 “Mistisos” e 119 “Pardos” (designações genéricas para os indivíduos dos quais não se conheceriam as matrizes étnicas de maneira definida, ou seja, mestiços de “branco” com “índio” com “negro” ou vice versa).
Convenções utilizadas na presente transcrição
As barras [ / ] existentes no texto indicam mudança de linha no original.
A coluna “Fogos” constante do “Mappa da Populasam” indica a quantidade de residências, compreendendo a família e demais agregados que habitam numa casa.
Todas as informações entre colchetes [ ] inexistem no original e foram acrescentadas para um melhor entendimento do documento.
As colunas “Quarteirão” e “Relação de Parentesco”, não existem no original. Quanto aos quarteirões estes foram estabelecidos os quatro primeiros com base no reinício contínuo dos números dos fogos, sendo que nos últimos os nomes das localidades aparecem escritos à margem. Já as indicações de parentesco constam no original na coluna “Nomes” sendo separados destes apenas para um melhor entendimento. A estas também constam outras relações com o “cabeça” do Fogo (Residência) quando eram simplesmente “agregados” ou “escravos”.
Quanto ao desdobramento das abreviaturas, dentro do possível foram desdobradas as das colunas “qualidades” (etnia), “naturalidade” (local de nascimento), “estado” (estado civil), “ofício” (profissão) e “observações”, sendo que, além do desdobramento das abreviaturas, repetiu-se a palavra na coluna quando o original apresentava o sinal gráfico ( // ).
Na coluna “nomes” não se fez o desdobramento para não influenciar o leitor na decifração do nome ou sobrenome original, mesmo que em alguns casos seja óbvio o desdobramento. Por uma questão de uniformidade das regras aqui utilizadas não o procedemos.
Apesar disso na coluna “ofícios” e “quarteirão” quando não foi possível identificar de maneira exata a palavra, manteve-se a abreviatura pelas mesmas razões descritas acima.
Para facilitar o entendimento, distinguiu-se cada “fogo” (residência = grupo de pessoas) com a cor do fundo nos tons branco e cinza de maneira alternada.