10/05/2016 14h18

Arquivo Público disponibiliza para pesquisa documentos sobre a imigração açoriana em Viana

No dia 23 de julho o município de Viana irá comemorar os 150 anos da sua fundação. História esta que, em seu desenrolar, teve significativa participação dos imigrantes açorianos, que chegaram à região há dois séculos, iniciando o ciclo da imigração europeia em terras capixabas. Por meio do acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) é possível ter acesso aos registros referentes a esses imigrantes, cuja cultura e religiosidade influenciaram e ainda se mostram perceptíveis no cotidiano dos vianenses.

As informações sobre os imigrantes açorianos se encontram no APEES no “Livro de matrícula dos Ilhéos” que traz a relação das famílias da povoação de Viana, que receberam casas e gado para uso na lavoura. Os primeiros registros referem-se a 25 imigrantes que entraram na província em 12 de dezembro de 1812. Outros sete foram inscritos em 28 de dezembro do mesmo ano. Em 1813 foram registrados 156. Em 1814, por sua vez, há o registro da entrada de 66 colonos. Os dados de cada imigrante podem ser consultados no endereço eletrônico: www.ape.es.gov.br/imigrantes.

Foto: Waldson Menezes.

 

Bicentenário da Imigração Açoriana

A imigração açoriana no Espírito Santo inicia-se com o desembarque dos primeiros colonos no porto de Vitória, no final do ano de 1812, com destino ao Núcleo de Colonização Agrícola Santo Agostinho (atual Viana). Esse primeiro empreendimento oficial de ocupação do solo capixaba, com a importação de famílias camponesas da Europa, foi realizado pelo governador da capitania, Francisco Alberto Rubim, que contou com o apoio do Intendente do Governo Imperial, Paulo Fernandes Vianna, que inspirou o nome do município.

De acordo com Marcus Pimentel, em seu artigo “Os açorianos na capitania do Espírito Santo e a Fundação da Povoação de Viana”, a chegada dos colonos veio consolidar um projeto de uso do território, importante para o desenvolvimento da região que compreendia o Espírito Santo e o Sul da Bahia. O incentivo à imigração foi uma das estratégias adotadas para atingir esse objetivo.

Segundo Lélia Pereira da Silva Nunes, no trabalho “A descoberta de Viana: as raízes perdidas”, é possível vislumbrar a presença da cultura açoriana em diversas características atuais do município como o jeito de trabalhar a terra, a arquitetura, a renda de bilro, as danças, dentre outras manifestações.

Conforme argumenta, é na “Festa do Divino Espírito Santo” que a influência dos Açores mostra-se mais expressiva, por se tratar de um dos elementos fortes da formação da identidade cultural de Viana e ser a maior festividade religiosa da região. De acordo com a autora, a primeira festa ocorreu em 1817, logo após a construção da Igreja da Nossa Senhora da Conceição, erguida pelos imigrantes. A igreja foi tombada em março de 1983 pelo Conselho Estadual de Cultura, que reconheceu sua importância para o patrimônio histórico e artístico do Espírito Santo.

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