A Secult apoia projetos das comunidades que favorecem a visibilidade sobre preservação da identidade dos povos indígenas do Estado.

Acontece nesta quarta-feira (17) no Cine Metrópolis, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o evento Aliança Indígena, que vai contar com diversas atividades, como mostra de filmes, apresentações culturais e acadêmicas, exposição fotográfica, debates e lançamento de livros. A programação faz parte do curso de extensão, inscrito na Pró-Reitoria de Extensão (Proex) e conta com apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e da Secretaria de Direitos Humanos (Sedh). 

As inscrições são gratuitas no local das atividades, que vão acontecer de 8h às 22h. Confira mais informações clicando aqui.

Esta é uma das ações de visibilidade dos direitos, dos saberes e fazeres das comunidades indígenas do Espírito Santo, um assunto que faz parte da pauta permanente na Secult. Proteger e preservar as expressões culturais populares e apoiar as atividades dos seus grupos participantes estão no âmbito de ação, por meio da gerência de Territórios e Diversidade da pasta, em parceria com a Gerência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Gepir), da Secretaria de Direitos Humanos (Sedh). 

Neste sentido, estão sendo realizadas conversas com associações guaranis e tupiniquim, como forma de diálogo e compreensão de realidades destas etnias no Estado. Segundo a gerente da equipe, Karen Valentim, as portas estão abertas para pensar projetos inclusivos e agendas pontuais que estimulem as comunidades paras que possam desenvolver de forma adequada seus projetos.

“A Secult compreende a importância da valorização cultural ancestral dos Povos Indígenas. Sabemos que além de todo conhecimento tradicional, as comunidades têm ampliando suas ações conectando as tecnologias, mas ao mesmo tempo ainda estão isolados da relação com a cidade e a população não-indígena”, ressalta.

Tupinikim

Um projeto que integra ações de valorização, divulgando as práticas educacionais e artísticas da comunidade Tupinikim, de Caieiras Velha, em Aracruz, é o evento mensal "Nossas Histórias Cantadas, Contadas e Entoadas". Contemplado pelo Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), por meio do Edital 009/2018 – Culturas Populares e Tradicionais, o projeto conta com uma programação que inclui danças e cantos tradicionais, vídeo-documentário, exposição fotográfica e roda de conversa.

Quem coordena a ação é o líder comunitário Jocelino Tupinikim, que há 22 vem desenvolvendo atividades na região e que foi recentemente contemplado no Edital 010/2018 - Mestres da Cultura Popular, prêmio este que reconhece os atuantes as ações efetivas da preservação cultural. 

“Já realizamos diversas oficinas como confecção de tambores Tupinikim, artesanato, dança, cantos tradicionais. Também já demos início à construção do Centro Cultural Tupinikim (Ponto de Memória Ka'arondarapé), além do apoio na realização de festas tradicionais e do I Jogos Tradicionais Indígena, realizado no Estado em 2018. Nós queremos que as nossas crianças e jovens se apaixonem pelas nossas histórias e tradições, que eles possam estar fortalecidos culturalmente e assim ele nunca irá se corromper diante da cultura do outro”, afirma Jocelino Tupinikim.

Guaranis

Um projeto produzido em Aracruz e que desvenda os segredos da alimentação Guarani é o livreto de receitas típicas Tebi’u Eté, alimento sagrado Guarani, produzido pela Associação Indígena Mboapy Pindó (AIG) e contemplado no Edital 002/2015 - Diversidade Cultural. A publicação, lançada no ano de 2016 traz curiosidades, registros fotográficos e anotações que descrevem a preparação dos alimentos e os utensílios, além de revelar um pouco do modo de vida na tribo residente na Aldeia Três Palmeiras, em Santa Cruz. 

O presidente da AIG, Marcelo Djekupé, destaca que a publicação foi produzida com base no depoimento das mulheres da aldeia, que transmitiram de forma espontânea a experiência e também a sabedoria que receberam dos antepassados.

“O livro foi benéfico em prol da comunidade de Três Palmeiras por  mostrar a cultura e a  tradição da nossa aldeia para um grande público e fizemos um lançamento que contou com várias pessoas que moram por todo o e Estado", explica Djekupé. 

 Outro projeto de destaque é o documentário "Tupã Kara'i, o pajé e seus saberes", produzido por jovens guaranis moradores da aldeia Tekoa Porã Boa Esperança, de Aracruz e contemplado pela Secult- Edital 013/2018 - Educação Patrimonial. O vídeo, que está em fase de montagem, registra a história da construção de uma casa de reza (Opy), na aldeia e que liderada por Tupã Kara'i, o pajé ancião e filho da falecida matriarca que fundou a aldeia na região. Os índios vieram para o Estado em busca da “Terra Sem Males”, que segundo a mitologia guarani seria local sem fome e sem guerras, onde os índios conviveriam pacificamente. O documentário tem previsão de lançamento para 2019.

De acordo com o proponente do projeto, Wesley Carvalho Silveira karai djekupe, "a importância dos Editais da Secult nos trouxe o conhecimento de que a nossa cultura está sendo valorizada pelo Estado, ou seja, é um respeito com o nosso modo de vida. Com isso os próprios jovens guaranis ficam estimulados em querem se envolver com o audiovisual e assim poderem divulgar a nossa cultura. A comunidade da aldeia Tekoa Porã agradece", destaca Wesley.

 Texto: Danilo Ferraz 

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