Livro reúne textos críticos sobre a produção das artes visuais e cinema queer no Estado
O livro “Exercícios do Olhar, Exercícios do Sentir”, de Erly Vieira Jr, conta com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura).
Apresentar um recorte sobre os últimos 13 anos da produção das artes visuais e do audiovisual capixaba, além de jogar nova luz sobre o trabalho de nomes importantes para a área no Espírito Santo, é a proposta do livro “Exercícios do Olhar, Exercícios do Sentir”, do professor, cineasta e pesquisador Erly Vieira Jr. A obra será lançada no próximo dia 18 de janeiro, sábado, às 16h, na Emparede Contemporânea, no bairro Santo Antônio; e no dia 28 de janeiro, terça-feira, às 19h, no Trapiche Gamão, no Centro de Vitória. Entrada gratuita.
Segundo Erly Vieira Jr, o livro surge da vontade de falar sobre a produção das artes visuais capixabas, “um universo que acompanhei de perto nesses últimos vinte e cinco anos, tanto pela proximidade com alguns artistas da minha geração - que também são ou foram meus amigos pessoais -, quanto pela experiência como professor e pesquisador no Centro de Artes da Ufes”.
O projeto reúne onze textos críticos, escritos pelo autor, entre os anos de 2006 e 2019 para diversos veículos. “Digamos que o livro surge na passagem do espectador crítico, que quinze anos atrás se arriscava a dar seus primeiros passos no exercício da crítica cultural, para o crítico-espectador, que foi se dedicando a falar das artes visuais e do audiovisual como objetos de pesquisa, em especial pensando suas experiências estéticas a partir de aspectos como o sensório ou mesmo as interfaces com o campo comunicacional e com a cultura de massa” explica o autor, que revisou e atualizou o material.
“Retornei aos primeiros textos e reescrevi a maioria deles à luz de como enxergo aquelas questões hoje em dia”. O trabalho de alguns desses artistas também já foi abordado em documentários realizados por Erly Vieira Jr, como “A Mão Tagarela”, sobre Hélio Coelho, “Silentio”, sobre a exposição do paraibano José Rufino realizada em Viana, e “O Ano Em Que Fizemos Contato”, sobre arte e espaço urbano, realizados em 2010.
Capítulos
A primeira parte do livro recebeu o título de “Mergulhos”, e possui textos mais longos que se concentram nas trajetórias de três artistas que surgiram entre o final dos anos 1990 e o começo dos 2000 e são da mesma geração do autor: Maruzza Valdetaro, Elisa Queiroz e Julio Schmidt. “São carreiras que eu pude acompanhar mais intimamente nesses mais de vinte anos, pessoas com as quais pude ter longas conversas para entender suas questões e também seus processos criativos - daí três artigos mais longos”, conta.
A capa do livro apresenta o trabalho “Comelância”, de Elisa Queiroz. “Era uma obra à frente de seu tempo quando foi realizada e acho que ainda hoje está à frente de muita coisa que se tem produzido. Me fascina muito como o trabalho de Elisa, que mistura arte e vida sem fazer a menor cerimônia, consegue ser tão pessoal/visceral e cosmopolita ao mesmo tempo”, reflete o autor.
A segunda parte intitulada “Instantâneos” reúne alguns dos textos que Erly Vieira Jr produziu para a coluna de artes visuais que ele assinava no jornal Século Diário, além de textos escritos para catálogos ou livros, com foco em exposições ou ações específicas. Segundo o autor, “são textos mais curtos, cobrindo algumas exposições realizadas nesses anos. Abordo as aproximações entre fotografia, vídeo e pintura na obra de Orlando da Rosa Farya; a pintura visceral de Andréa Abreu e os desenhos de dois mestres: a série “Sirvase”, de Mara Perpétua, e as “garatujas” de Hélio Coelho e sua “Mão Tagarela”. Também acompanho a residência artística “Silentio”, do paraibano José Rufino, realizada em Viana entre 2009 e 2010, e a exposição “Distâncias do Sentir” (2019), de Khalil Rodor – dois artistas que falam de memória, pertencimento e território em seus trabalhos”, pontua.
Fecha o livro o capítulo “Panoramas“, que apresenta dois textos: um produzido para o catálogo do ES Cineclube Diversidade, sobre a arte e audiovisual queer capixaba, em uma versão ampliada; e um ensaio sobre videoperformance, “um campo que tem se expandido recentemente aqui no Estado, e que vem atravessado, na leva atual, por algumas das mais intensas questões político-estéticas presentes nas produções artísticas de grupos minoritários”.
Crítica
Erly Vieira Jr acredita que é fundamental que se tenha uma produção de crítica cultural, em especial no Espírito Santo, e são poucos os trabalhos voltados para as artes visuais neste campo.
“Muitos textos acabam tendo circulação restrita, são publicados em blogs periódicos ou em catálogos de exposições com tiragem limitadas, e ampliar a circulação dessa produção, bem como transportá-la para suportes mais permanentes - como livros - é algo urgente e necessário”. E complementa: “ao agrupar esses textos, penso que dá para contribuir também para se ter uma visão um pouco mais ampliada das obras desses artistas, porque permite-se comparar com outros artistas abordados no livro e que produziram/produzem no Espírito Santo nesses mesmos períodos. Não que o livro se proponha a fazer um panorama definitivo, longe disso, mas a junção dos pequenos voos empreendidos por cada texto, ao colocá-los em relação num mesmo volume, permite que possamos vislumbrar mais coisas, enxergar mais em suas entrelinhas e até mesmo lançar novas questões sobre essas produções”.
Bate-papo
Além da sessão de autógrafos, o autor promoverá um bate-papo em cada um dos lançamentos. Na galeria Emparede, Erly Vieira Jr falará sobre o processo de elaboração do livro, além da exibição dos curtas “A Mão Tagarela”, realizado pelo autor sobre o artista Hélio Coelho; “Free Williams” (2003), de Elisa Queiroz; e “A Novilha Rebelde”, (2005), de Elisa Queiroz e Erly Vieira Jr, realizados pela EQ Produções, e são algumas das obras analisadas no livro. Já no Trapiche Gamão, a conversa será em torno da vida e obra da artista Elisa Queiroz (1970-2011).
Sobre o autor
Erly Vieira Jr é cineasta, escritor e pesquisador na área audiovisual. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (2012), é professor do Departamento de Comunicação Social e do Programa de Pós-graduação em Comunicação (POSCOM) da Ufes.
Entre seus trabalhos de teoria e crítica, incluem-se os livros “Plano Geral – Panorama Histórico do Cinema no Espírito Santo” (2015), “Marcus Vinícius – A Presença do Mundo em Mim” (2016) e “Realismo Sensório no Cinema Contemporâneo” (no prelo). Já na área literária, publicou “Rodapés” (crônicas, 2009), “-sse” (contos, 2008) e “Contraponto, Reta, Plano” (poemas, 1999).
Realizou dez curtas-metragens, entre ficções e documentários, exibidos em diversos festivais nacionais e estrangeiros. Seus quatro primeiros filmes estão reunidos no DVD Algumas Estórias (2008). Desde 2012, é um dos curadores do Festival de Cinema de Vitória e, em 2018, participou da comissão de seleção de longas-metragens do 51º. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Edital
O livro “Exercícios do Olhar, Exercícios do Sentir”, de Erly Vieira Jr, conta com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), por meio do Edital 020/2018 - Seleção de Projetos Culturais Setoriais de Artes Visuais.
Serviço
Lançamento do livro “Exercícios do Olhar, Exercícios do Sentir” + bate-papo com o autor + exibição de curtas-metragens
Data: 18 de janeiro, sábado, às 16h
Local: Emparede Contemporânea - Rua Albuquerque Tovar, 41, Santo Antônio, Vitória
Data: 28 de janeiro, terça-feira, às 19h
Local: Trapiche Gamão - Rua Gama Rosa, 236, Centro de Vitória Valor do livro: R$ 30,00
Aberto ao público
Redes Sociais (Instagram e Facebook): @exerciciosdoolharesentir
Informações à Imprensa:
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