Obra rara do acervo do Arquivo Público traz artigo de Augusto Ruschi
Na Biblioteca Maria Stella de Novaes, do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), voltada à história do Estado e aos autores capixabas, há uma obra que chama atenção pela raridade e importância. Trata-se do periódico “Arquivos do Estado do Espírito Santo”, do ano de 1946, que traz o artigo “Orquidáceas novas do Estado do Espírito Santo” - com a descrição de espécies, fotografias e desenhos - de autoria do naturalista, agrônomo, botânico e advogado Augusto Ruschi.
A pesquisa do taxonomista de plantas, Thiago Erir Cadete Meneguzzo, do Rio de Janeiro, permitiu identificar a relevância do material. Segundo Thiago, pela tiragem pequena, a obra é considerada rara. Ele relata que procurou o periódico em locais como o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Instituto de Botânica de São Paulo e o Museu de Biologia Mello Leitão, em Santa Teresa, e não obteve sucesso.
“Em taxonomia devemos sempre consultar as obras originais na qual a espécie nova foi publicada. Porém, todas as referências que eu tinha sobre esse trabalho eram cruzadas, ou seja, existiam por meio da citação de outros autores. O problema se iniciou quando percebi que ninguém havia consultado a obra original, mas somente uma parte da publicação impressa e encadernada separadamente. Entretanto, a paginação estava alterada. Assim, todas as referências estavam incorretas, o que só foi possível perceber por meio do material original. Para minha surpresa o Arquivo Público do Estado do Espírito Santo possuía tal volume” explica.
Augusto Ruschi
Filho de imigrantes italianos, moradores de Santa Teresa, no Espírito Santo, Augusto Ruschi nasceu em 12 de dezembro de 1915. No livro “Augusto Ruschi” da coleção “Grandes Nomes do Espírito Santo”, escrito por Sandra Daniel, afirma-se que ainda menino Ruschi começou a se interessar pelas flores que seu pai cultivava e adquiriu o hábito de coletar plantas. “Para isso, embrenhava-se nas matas da região, onde passava longas horas e até dias inteiros, retornando com um farto carregamento de orquídeas e bromélias” relata.
Augusto Ruschi, conforme informa a autora, começou a desenhar orquídeas aos dez anos e as figuras eram acompanhadas por uma descrição da planta. Aos 21 mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar Engenharia Agronômica na Escola Superior de Agricultura, Veterinária e Química Industrial de Campos. Nas férias ele retomava as pesquisas em Santa Teresa, trabalhando com bromélias, orquídeas e pássaros.
Em 1949 Ruschi inaugurou o “Museu de Biologia Professor Mello Leitão”, em uma área de 80 mil metros quadrados, ampliada nos anos seguintes. Sandra Daniel destaca que o local nasceu com a proposta de desenvolver pesquisas científicas no campo da Biologia e atraiu pesquisadores de diversas partes do mundo.Ruschi morreu em Vitória, em 1986, deixando uma notável contribuição à ciência e as ações de preservação ambiental.
Biblioteca Maria Stella de Novaes
A Biblioteca Maria Stella de Novaes possui mais de 3.000 itens, dentre eles livros raros e obras produzidas no século XIX. Os materiais podem ser consultados na sede do APEES, localizada na Rua 7 de Setembro, em Vitória.