Arquivo Público digitaliza imagens do Foto Clube do Espírito Santo
Para preservar as lembranças trazidas à cena pelas fotografias antigas estão sendo digitalizadas e descritas pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) 45 imagens da coleção do Foto Clube do Espírito Santo. Nelas veem-se praias desertas, estradas, casarios, igrejas, fábricas e outras paisagens urbanas e naturais que permitem rememorar o cotidiano do passado. Fundado em 1946 o Foto Clube teve importante atuação no panorama artístico-cultural capixaba até o seu último Salão Fotográfico, em 1978.
Almerinda da Silva Lopes, na obra “Memória Aprisionada: a visualidade fotográfica capixaba”, nos possibilita adentrar na história do Foto Clube. A autora explica que a aproximação dos seus membros em torno de um interesse em comum – a fotografia - está estreitamente ligada ao “Empório Capichaba”, casa especializada na venda de material fotográfico, laboratório de revelação e reprodução das imagens, fundada pelos italianos Donato e Domingos Giafredo, na década de 1930, na Rua Jerônymo Monteiro. O comércio continuou em atividade até 1980. “Durante aproximadamente 50 anos de funcionamento teve papel primordial no aperfeiçoamento e difusão dos processos fotográficos, na divulgação das últimas novidades em equipamentos e material, em especial aos amantes dessa arte, contribuindo também para a formação e sedimentação de uma identidade visual fotográfica local”, destaca a autora no livro.
A troca de experiências e propostas entre os frequentadores da loja levou à organização da “Primeira Exposição de Arte Fotográfica de Amadores”, em 1945. Após o evento, dois deles, Magid Saade e Pedro Fonseca, e o profissional Francisco Quintas começaram a traçar os planos para a criação do Foto Clube do ES. Na assembleia inaugural compareceram 22 amadores fotográficos, denominados de “sócios fundadores”. Nela iniciou-se a organização do I Salão de Arte Fotográfica, ocorrido no Clube de Regatas Álvares Cabral, com 60 fotografias concorrendo às premiações.
“O objetivo principal do Foto Clube era ensinar, propagar e incentivar a arte fotográfica em todas as modalidades e técnicas. Promovia reflexões e debates sobre a fotografia, através de seminários, cursos e salões; propiciava intercâmbio e ampliava o universo de conhecimento, o gosto e a percepção sobre essa atividade artística, bem como a organização e divulgação de documentação histórica”, descreve Almerinda.
As imagens produzidas na época, conforme ressalta a autora, abarcavam uma gama variada de temas e promoviam o interesse pelos ícones fotográficos de qualidade. Os eventos eram bastante concorridos e agitavam a cultura local. “A alma do Foto Clube foi sempre constituída por pessoas que atuavam em diferentes profissões e desenvolviam a fotografia como forma de expressão, e em razão de sua sensibilidade, contrastes e formas da arte fotográfica”.
No final da década de 1970 as ações vão se tornando escassas e perdendo a vitalidade, dentre outros motivos: “(...) em razão da banalização dos processos fotográficos, com a automação das câmaras, dos filmes coloridos, da escala comercial da fotografia, com o aparecimento dos laboratórios comerciais, que vão enfraquecendo o interesse dos amadores em processar as próprias imagens em preto e branco”, argumenta.
As fotografias da coleção Foto Clube do Espírito Santo, digitalizadas pelo APEES, não possuem identificação de autoria e data. No verso constam um carimbo que mostra a procedência e uma curta descrição sobre o local em que foram tiradas.
Para conhecer um pouco mais sobre essa e outras histórias o banco de imagens do Arquivo Público é um importante referencial. São milhares de fotografias que trazem os atos oficiais da administração pública, as paisagens, a arquitetura, as festas populares, a religiosidade, os cinemas e o cotidiano da população. Os originais estão em formato de negativo de vidro ou papel e a digitalização pode ser solicitada na sala de consultas do APEES, localizada à Rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória.