09/05/2016 15h42

Arquivo Público do Estado reforça acervo com periódicos dos séculos XIX e XX

Jornais capixabas, dos anos de 1854 a 1937, foram localizados na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e estão sendo catalogados pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (Apees). São mais de 70 periódicos, de diferentes municípios, que permitem aos pesquisadores conhecer melhor a sociedade e o cotidiano da época, com suas particularidades, relações e conflitos. Os materiais serão, posteriormente, disponibilizados para consultas na nova sede da Instituição, localizada na Rua Sete de Setembro, 414, Centro, em Vitória.

Dentre os jornais, se destacam, pela quantidade das edições preservadas e a qualidade das mesmas, "O Estandarte" e "O Baluarte". O primeiro circulou em Cachoeiro de Itapemirim, nos anos de 1868 a 1873 e era escrito por Basilio Carvalho Daemon, membro do partido conservador e deputado provincial. Daemon é autor do livro “Província do Espírito Santo: sua descoberta, história cronológica, sinopses e estatística" - disponível no site do Apees - e foi também um dos responsáveis pela publicação de "O Espírito-Santense", um dos principais periódicos capixabas do século XIX.

"O Baluarte", por sua vez, possui microfilmadas as edições de setembro a dezembro de 1882. Tinha como editor Amancio Pereira e o seu conteúdo é voltado às causas anti-escravagista e anti-monarquista. O jornal, publicado em Vitória, traz textos sobre política, com especial atenção à luta pela implantação da República no Brasil, que, nessa época, ainda se encontrava sob o império de D. Pedro II. No periódico também há espaço para a literatura, por meio de poesias e reprodução de trechos de obras literárias, sendo comum que os textos tivessem relação com os ideais políticos defendidos pelo jornal.

Outro material que pode ser uma importante fonte de pesquisa sobre as características socioeconômicas do Espírito Santo é o "Almanaque administrativo, mercantil, industrial e agrícola", organizado por Godofredo Silveira, que era o 2º escriturário da alfândega da Província. As edições se referem aos anos de 1884 a 1889. No Almanaque podem ser encontradas diversas informações sobre as datas festivas, os feriados, os dias santos, dados sobre a família imperial, o bispado, a divisão administrativa da capital e os deputados provinciais. Traz ainda os entes que formavam o quadro de servidores, tais quais os responsáveis pelos cemitérios e pela iluminação pública e a gás. Por meio do almanaque é possível traçar um panorama da estrutura de serviços da Província e dos principais nomes que atuavam na administração.

Início da imprensa no Espírito Santo

Antes do aparecimento do primeiro jornal capixaba, circulavam pelas ruas de Vitória apenas pasquins manuscritos. Com o advento do Império, os raros pasquins continuavam no Espírito Santo, enquanto jornais e revistas já surgiam no país em locais como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em 1835, o Presidente da Província, Joaquim José de Oliveira, encaminhou um ofício ao Império reclamando a falta de uma tipografia na qual pudessem ser impressos os atos oficiais da Assembleia. A tipografia surgiu em 1840 por iniciativa do alferes Ayres Vieira de Albuquerque Tovar e nela foi publicado o primeiro jornal capixaba: “O Estafeta”, que não passou da edição inaugural. A imprensa no Espírito Santo se inicia efetivamente com a publicação do “Correio da Victoria”, em 1849.

Os assuntos mais comentados nos primeiros impressos capixabas eram relacionados à política, à religião, ao cotidiano da cidade e à literatura. Havia nos periódicos notas de visitas consideradas ilustres à cidade, casamentos, viagens, nomeações, aniversários, artigos, poesias, crônicas, coluna de humor, dia de partida dos correios, biografias, transações comerciais, editais, aviso de dias festivos e anúncios de farmácias, papelarias e gráficas. Os jornais eram, em sua maioria, redigidos por bacharéis, com formação política e participação nas atividades partidárias. Dentre os aspectos que se sobressaíam na imprensa local está a produção artesanal, o conteúdo idealista - escravagista ou abolicionista, monarquista ou republicano - e a influência da literatura na escrita.

A relação com todos os títulos de jornais, por município, já reproduzidos em microfilmes e disponíveis ao público, pode ser pesquisada na página do Apees na Internet, no projeto “Imprensa Capixaba”, no endereço: www.ape.es.gov.br .

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