Arquivo Público insere dois mil novos nomes na base de dados do “Projeto Imigrantes”
O “Projeto Imigrantes”, do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), foi atualizado com a inserção de dois mil novos nomes provenientes de listas de passageiros – do acervo do Arquivo Nacional - que desembarcaram no Porto do Rio de Janeiro no século XIX. As informações referem-se a imigrantes vindos da Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Hungria, Itália, Polônia, Portugal, Rússia e Suíça.
Atualmente o banco de dados do APEES possui mais de 55 mil nomes cadastrados. Trata-se de uma ferramenta em constante construção, que agrega as contribuições dos descendestes, por meio da doação de cópias de passaportes, certidões e fotografias. O número de imigrantes italianos catalogados, por exemplo, aumentou de 33 mil no ano de 2008 para aproximadamente 37 mil em 2013. O endereço eletrônico do Projeto é o www.ape.es.gov.br/imigrantes.
Banco de dados
O aumento de consulentes em busca de documentos sobre seus familiares foi uma das principais motivações para o surgimento do “Projeto Imigrantes”. Essas pessoas, interessadas em conhecer melhor a sua história e origem, compareciam à sede da Instituição para pesquisar nas listas de navios - entre outras fontes primárias - os nomes e sobrenomes dos antepassados.
Nesse período os visitantes efetuavam seus estudos diretamente nos manuscritos originais. Com isso, mesmo com o cuidado necessário, o frequente manuseio comprometia a conservação do acervo. Ocorriam também, comumente, dificuldades na leitura dos papéis antigos. Para facilitar e expandir as consultas iniciou-se, em 1995, o “Projeto Imigrantes”, considerado referência nacional na disponibilização online de informações sobre a imigração.
Imigração no Espírito Santo
As marcas da vinda dos imigrantes para o Espírito Santo são perceptíveis, por exemplo, na arquitetura, nas formas de cultivo, na alimentação, nas danças e nas músicas. O sociólogo Renzo M. Grosselli, no livro “Colônias Imperiais na Terra do Café”, destaca a imigração como uma alternativa para o povoamento da província e o suprimento da escassez de trabalhadores, principalmente após a abolição da escravatura.
A partir de 1874 os italianos dominam amplamente o fluxo de entrada em Santa Leopoldina, que para receber contingentes de imigrantes expande-se em várias direções. São criados novos loteamentos, a exemplo dos núcleos de Timbuhy e de Santa Cruz. Por meio do rio Benevente, que desemboca na atual cidade de Anchieta, entrou o maior contingente de imigrantes, totalizando mais de oito mil italianos entre 1875 e 1900. Em 1879 surge uma nova colônia: Castello.
Groselli ressalta que os caminhos para o estabelecimento dos imigrantes no Espírito Santo foram árduos e repletos de obstáculos. “Na falta de uma legislação internacional que protegesse de maneira eficaz os imigrantes, o período de viagem representava, para muitos deles, um sério perigo. A emigração se transformara no negócio do século (...). Muitas vezes os navios usados para o transporte dos emigrantes eram inadequados para este uso. Eram sempre sobrecarregados de um número absurdo de pessoas, e as condições higiênico-sanitárias eram deprimentes” argumenta.
A publicação de Renzo Groselli faz parte da Coleção Canaã do APEES e está disponível no link:http://www.ape.es.gov.br/pdf/Colonias_Imperiais_na_Terra_Cafe.pdf.