16/05/2016 14h19

Arquivo Público recebe 27 caixas de atestados de óbitos do período de 1896 a 1928

O registro civil de óbitos foi regulamentado no Brasil no ano de 1888. Os primeiros atestados emitidos na cidade de Vitória fazem parte do acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). A instituição recebeu para guarda e preservação 27 caixas com estes documentos, do período de 1896 a 1928, provenientes do Arquivo Público Municipal. Os obituários trazem o nome, idade, profissão, filiação, origem, médico responsável, data, horário e motivo da morte. O mais antigo mostra o falecimento do português Antônio Cabral, aos 27 anos, ocorrido no dia 22 de março de 1896. Apesar de a maior parte referir-se a pessoas nascidas no Brasil, observam-se nacionalidades como espanhola, italiana, africana, grega, francesa e turca.

Os dados auxiliam apreender as condições de saúde da população da época. Percebe-se, por exemplo, a alta incidência de febre amarela no final do século XIX. Outras causas citadas foram pneumonia, beribéri, alcoolismo crônico, lesões cardíacas, tuberculose, hepatite e situações de violência por armas de fogo. Por meio dos atestados é possível analisar ainda a constituição populacional, a presença de imigrantes e a estrutura genealógica de famílias.

Epidemias

A ocorrência das doenças mobilizava a assistência aos enfermos e mortos. A febre amarela alcançou o sul do Espírito Santo em 1850 e, rápida, se propagou por todo o território causando a morte de muitos capixabas. O Governo procurou reduzir o sofrimento dos doentes, fornecendo-lhes medicamentos e apoio médico, porém as condições eram precárias e as proporções da ajuda mostraram-se pequenas diante da gravidade do problema.

Vitória se inseria nas mudanças ocorridas em âmbito nacional quanto aos cuidados impostos pela propagação das epidemias. O enterro dentro dos templos na capital foi permitido até o ano de 1856, quando foi transferido aos cemitérios devido a questões sanitárias. As análises dos obituários permitem pesquisar mais profundamente esta história, que marcou as relações entre mortos e vivos no século XIX e início do XX e influenciou nas características culturais observadas na atualidade, como a ocorrência dos velórios em capelas ou locais específicos e não mais no interior das casas.

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