Arquivo Público recebe a exposição “Yndeburê Ngzamby – As Belas de Zambi”
O Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) recebe, na próxima terça-feira (25), às 19 horas, a exposição comemorativa ao Dia Nacional da Consciência Negra “Yndeburê Ngzamby – As Belas de Zambi”, que traz pinturas em óleo sobre tela da artista Leila Silva. Em sua obra destaca-se a representação das mulheres negras e dos elementos culturais africanos.
Leila Silva iniciou as atividades de pintura há dois anos. A abordagem da negritude é a marca principal desse trabalho, inspirado nas feições e rostos de pessoas do convívio dela. Leila explica que a sua família paterna é negra e ela sentiu a necessidade de realizar um resgate das origens. Vontade fortalecida pelo fascínio que sente pela luta e resistência dos negros e principalmente das mulheres negras e as histórias ancestrais.
“Conheci um quilombola que me falou sobre a sua mãe. Ela tinha vários irmãos e sonhava com um espaço com muitas plantas em que pudessem brincar. Atrás da casa dela apareceu um pé de baraúna. Ela tirava todos os espinhos que apareciam para a família poder ficar embaixo da árvore sem se furar. Encantei-me com o relato e o relacionei com o quanto de espinhos essa mulher simbolicamente precisou tirar no decorrer da sua vida. Resolvi pintar a casa, mas com o verde e as árvores que ela havia sonhado e ser fiel à memória desta pessoa” afirma.
Nas pinturas Leila Silva usa os dedos e espátulas. Essa será a sua primeira exposição. “O meu objetivo é valorizar a cultura negra e estimular a redescoberta das raízes afro-brasileiras. É comum as mulheres africanas, as guerreiras, serem retratadas com expressões sérias e sofridas, porém, nas minhas telas, busco mostrá-las com cores, cheias de vida, beleza e história”.
Um dos quadros que irão compor a exposição é o “Kinda abayomis (Cesto de Abayomis): história de dedicação e amor”, que mostra uma mulher carregando um cesto com diversas bonecas de pano. Nos navios, nas viagens ao Brasil, as mães escravizadas rasgavam a barra da saia e faziam as “Abayomis” para suas crianças, sem costuras, apenas nós e tranças. O nome, de origem Yorubá, significa “aquele que traz felicidade”. Leila Silva considera as bonecas negras registros da luta e da memória e dá-las a alguém é um ato de nobreza e generosidade. “As mães ofereciam essas bonecas para suas crianças em sinal de amor, carinho e consolo, arrancando com as unhas pedaços de suas roupas, imagine quão nobres eram os sentimentos dessas mulheres”, destaca.
Serviço
Exposição Comemorativa ao Dia Nacional da Consciência Negra ““Yndeburê Ngzamby – As Belas de Zambi”
Trabalhos em óleo sobre tela de Leila Silva
Data: 25/11
Horário: 19h
Local: Sede do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo Rua Sete de Setembro, nº 414, Centro, Vitória