Arquivo Público recebe coleção “Clube de Regatas Saldanha da Gama”
Arquivo Público recebe coleção “Clube de Regatas Saldanha da Gama”
Uma coleção de 105 fotografias do “Clube de Regatas Saldanha da Gama” foi doada pelo Museu de Arte do Espírito Santo (MAES) para compor o acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). Por meio das imagens é possível trazer à cena a história do local, fundado há 114 anos, e que marcou época no esporte e na vida social, sendo considerado um dos principais clubes náuticos do país.
Segundo informações do livro “Clube de Regatas Saldanha da Gama: lutas e glórias, 105 anos de vitória”, o Saldanha foi a agremiação capixaba que mais títulos conquistou no setor amadorista, com atletas reconhecidos em âmbito nacional e internacional. “Primeiramente no remo e no atletismo, depois na natação e no pólo aquático, passando pelo basquete, vôlei, futebol de salão, handebol até chegar ao tênis e tiro ao alvo, o Saldanha revolucionou a prática desportiva no Estado”.
Criação
O surgimento em 1902 do “Clube de Regatas Álvares Cabral” - grande rival do “Saldanha da Gama” – teve grande repercussão na cidade de Vitória. Um grupo de amigos, inspirados pela ideia, se reuniu na casa do alemão Franz Jognell para a criação de um novo clube. Em 29 de julho do mesmo ano ele é oficialmente inaugurado, recebendo o nome do almirante Luiz Felipe Saldanha. A primeira embarcação adquirida foi chamada de “Guarany”. Para não ficar atrás a diretoria do “Álvares Cabral” foi ao Rio de Janeiro com o objetivo de comprar uma melhor.
As regatas
O esporte náutico capixaba tem origem nas regatas do dia de Santa Catarina, que ocorriam em um único páreo, em longas canoas tripuladas por pescadores. O ponto de partida era a Pedra dos Ovos, próxima ao Penedo e a chegada, na atual Vila Rubim. O Espírito Santo, por muitos anos, foi referência nessa modalidade, principalmente nas décadas de 1920 e 1930. Diversos atletas se destacaram, como por exemplo, Catarina Czartoryska, que em 1936 foi integrante da primeira geração do remo feminino no Estado e pioneira em remar um “skiff”. Pode-se citar também, Elizio Ribeiro de Oliveira, revelação da década de 1950 e considerado na época o remador mais completo do Brasil.
As festas e a vida social
Inicialmente voltado à prática esportiva, a necessidade de atrair um maior número de sócios, fez com que o Saldanha diversificasse a sua atuação. “Com festas realizadas na própria sede ou no Teatro Carlos Gomes, além dos famosos concursos para escolha dos nomes dos barcos, o clube começou a mostrar para a sociedade que poderia proporcionar, além da diversão das disputas esportivas, muita animação nos seus grandiosos salões”. A primeira delas, anunciada com salvas de dinamite, foi pela comemoração dos 25 anos de fundação. O carnaval também era um período de muita movimentação, em que ocorriam três matinês e o “Grande Baile”. Ocasião em que as rivalidades eram ligeiramente esquecidas e os sócios frequentavam as festas dos dois clubes.
A partir de 1969, com a inauguração do “Bar Boteko” no porão do “Forte São João”, era comum a presença de artistas da Música Popular Brasileira, como Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Muita gente de Vitória ainda sente saudades daqueles tempos. Músicos consagrados da cena capixaba deram lá os seus primeiros passos. Outros se aprimoraram. O Bar Boteko funcionou até 1973, mas até hoje vive na lembrança de muitos saldanhistas.
Banco de Imagens
Para conhecer um pouco mais sobre essa e outras histórias, o banco de imagens do Arquivo Público é um importante referencial. São milhares de fotografias que mostram os atos oficiais da administração pública, as paisagens, a arquitetura, as festas populares, a religiosidade, os cinemas e o cotidiano. Os originais estão em formato de negativo de vidro ou papel e a digitalização pode ser solicitada na sala de consultas do APEES, localizada na Rua Sete de Setembro, Centro de Vitória.
Informações à imprensa:
Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
Jória Motta Scolforo
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