Arquivo Público recebe o autor do livro “Colônias Imperiais na Terra do Café”
O sociólogo italiano Renzo Grosselli, autor do livro “Colônias Imperiais na Terra do Café: camponeses trentinos (vênetos e lombardos) nas florestas brasileiras”, visitou a sede do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) e participou de uma roda de conversa com os servidores. O livro, lançado pela Coleção Canaã do APEES em 2008, é uma das principais obras sobre a imigração europeia para o Espírito Santo e foi resultado de uma vasta pesquisa na sede da Instituição no final da década de 1980.
No encontro Renzo abordou as dificuldades enfrentadas para a elaboração do material, a receptividade e influência na Itália, os trabalhos em outros Estados do Brasil e a relevância do tema para a sociedade capixaba. Foram os estudos de Renzo que permitiram, por exemplo, determinar a chegada da Expedição Tabacchi ao Espírito Santo, em 1874, como o evento inaugural da imigração em massa de italianos para o Brasil. “Não tinha noção do acervo que há no Espírito Santo sobre a imigração italiana. Cheguei ao Arquivo Público e pensei que não encontraria nada e foi grande a quantidade de documentos do meu interesse. Achei que precisaria de dois ou três meses, mas passei seis meses comparecendo todos os dias no APEES. Levei também diversos microfilmes para a Itália, o que possibilitou novas análises sobre o assunto” destaca.
Junto com o sociólogo, esteve no Arquivo Público o neto de imigrantes e morador de Santa Teresa, Antônio Ângelo Zurlo, que auxiliou Renzo no contato com os descendentes. Ele relembra as dificuldades dos italianos ao chegarem ao Espírito Santo. “Estou com 80 anos. Quando criança eu vivenciei muitos dos problemas. Era uma luta cotidiana. Não havia estradas. A compra de mantimentos era bastante complicada e com a guerra a situação tornou-se muito difícil. Tínhamos que esconder a nossa origem. Meu pai chegou, inclusive, a retirar as cruzes do cemitério, nas quais constavam o nome e o país de nascimento, para recolocá-las novamente após os conflitos”.