Arquivo Público traz a história dos 55 anos da ditadura militar no ES
Os documentos permitem trazer à cena fatos, imagens e memórias da época.
Em um ofício de 30 de outubro de 1975, carimbado como “confidencial”, vemos os motivos que levaram a Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) a vigiar e prender por seis meses um estudante no município de Vila Velha: “subversivo, acusado de aliciar alunos para comícios e passeatas e de ter participado de um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em São Paulo”.
Neste domingo (31), completam 55 anos da instauração da ditadura militar no Brasil, este e outros documentos do acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) permitem trazer à cena alguns dos fatos, imagens e memórias da época.
Uma parte significativa da história do período encontra-se sob a guarda do APEES. São 80 caixas de documentos da DOPS/ES e aproximadamente 20 mil fichas de identificação, com informações sobre indivíduos e instituições. O conjunto é composto por correspondências recebidas e expedidas por órgãos da Secretaria de Segurança Pública, ordens de serviço, relatórios, circulares internas e externas, radiogramas, pedidos de busca, requerimentos, atestados de conduta de ideologia política, depoimentos, inquéritos policiais, dossiês, fotografias, jornais, livros, cartazes e panfletos.
Dentro do projeto “Memórias Reveladas”, do Arquivo Nacional, a partir do ano de 2008, os materiais foram higienizados, organizados, microfilmados, digitalizados e sistematizados em uma base de dados com abrangência nacional. Com isso, buscou-se preservar e divulgar a história política recente do Espírito Santo, inserindo o Estado na movimentação brasileira durante o regime. Os materiais têm acesso irrestrito e podem ser consultados no site http://www.memoriasreveladas.gov.br/.
DOPS
Durante o governo de Getúlio Vargas, entre os anos de 1935 e 1937, foi organizada uma Delegacia de Segurança Política e Social, que visava à investigação e à vigilância dos movimentos de contestação do poder. No Espírito Santo, o surgimento ocorreu nos primeiros meses do governo provisório do interventor federal João Punaro Bley, com o objetivo de organizar uma polícia voltada à manutenção da ordem política e social, com jurisdição em todo o território capixaba. No governo constitucional de Vargas, ela foi elevada à categoria de Delegacia de Ordem Política e Social do Estado do Espírito Santo (DOPS/ES).
Entre 1964 e 1985 a DOPS exerceu relevante papel na permanência da ditadura militar, especialmente na contenção de qualquer ação contrária ao regime instaurado. No acervo, por exemplo, são inúmeros os cartazes e panfletos apreendidos, que tinham a função de convocar para reuniões ou passeatas, e se tornavam provas de “crimes políticos”. A partir da redemocratização do país houve um esvaziamento das funções da Delegacia, até sua completa extinção.
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