Documentos do Arquivo Público são fontes de pesquisas sobre a Colonização do Solo Espírito-Santense
Há 477 anos iniciou-se o processo de colonização do solo espírito-santense. Era o dia 23 de maio, um domingo, quando a caravela Glória, comandada pelo donatário Vasco Fernandes Coutinho atracava nas proximidades do penedo rochoso, onde posteriormente se construiria o Convento da Penha. A Prainha, em Vila Velha, foi o local escolhido para o desembarque da comitiva de Coutinho, um acontecimento que dava início a profundas mudanças sociais, econômicas e políticas para os séculos seguintes. Até então, o território da Capitania Undécima, sua primeira denominação, depois batizada como Capitania do Espírito Santo, era coberto por densas florestas, habitado por resistentes tribos indígenas, como a dos botocudos e dos puris.
Para melhor conhecer a história sobre o período colonial capixaba, os documentos disponibilizados pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) são uma das principais fontes. A doutoranda em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Enaile Flauzina Carvalho, é uma das pesquisadoras que escolheram a época como tema. Em seu trabalho ela aborda a Rede de Abastecimento Interno durante o período Colonial, englobando as Capitanias do Espírito Santo e de Minas Gerais.
Em sua pesquisa, Enaile utiliza diversos documentos do Arquivo Público, como as Memórias dos Governadores Silva Pontes e Rubim e os Relatórios do Presidente Vasconcelos. “Parte da referida documentação se encontra em meio digital, assim como algumas obras raras, a exemplo do livro de Basílio Carvalho Daemon e do Dicionário de Cezar de Augusto Marques, o que denota a importância de se disponibilizar este corpo documental para as pesquisas” afirma.
Arquivo Ultramarino de Portugal
Sobre o período colonial no Espírito Santo destaca-se ainda o acervo do Arquivo Ultramarino de Portugal, localizado em Lisboa, cuja cópia microfilmada e digitalizada foi adquirida pelo APEES em 1998. Ele é composto de uma farta documentação político administrativa como cartas, requerimentos, ofícios, correspondências entre autoridades portuguesas e seus representantes no Brasil, além de informações alusivas ao tráfico de escravos, questões judiciárias, militares e administrativas da colônia.
Colonização do Solo Espírito-Santense
Segundo a historiadora Nara Salleto, no livro “Donatários, colonos, índios e jesuítas” - disponibilizado no site do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) - :www.ape.es.gov.br/pdf/Donatarios_colonos_indios_jesuitas2.pdf - em 1534 o rei D. João III ofereceu ao português Vasco Fernandes Coutinho uma capitania hereditária no Brasil. Salleto esclarece que, embora doadas, as capitanias não podem ser consideradas propriedades privadas, mas sim unidades administrativas da colônia.
Porém, para usufruir o poder concedido, era necessário conquistar e colonizar o território. Com isso, Vasco Fernandes Coutinho, às suas custas, organizou uma expedição ao Espírito Santo, que desembarcou em solo capixaba no dia 23 de maio de 1535. Na ocasião os portugueses foram recebidos com bastante hostilidade por indígenas, sendo utilizados canhões para contê-los. Este tipo de conflito se repetiu diversas vezes nos primeiros anos de colonização.