17/05/2016 14h20

Documentos do Arquivo Público trazem informações sobre a Colonização do Solo Espírito-Santense

“Dom João... a quantos esta minha carta virem, faço saber que eu fiz a doação e mercê a Vasco Fernandes Coutinho, fidalgo de minha casa, da Capitania de cinquenta léguas de terra na minha costa do Brasil para ele e todos os seus filhos, netos, herdeiros e sucessores, de juro e de herdade para sempre (...)”. Assim inicia-se a carta da coroa portuguesa, escrita em sete de outubro de 1534, na qual se oficializa a entrega do território capixaba ao fidalgo Vasco Fernandes Coutinho, escolhido para empreender o processo de colonização nas terras, até então, cobertas por densas florestas e ocupadas por indígenas, dentre eles os botocudos e puris. A carta traz ainda orientações sobre as especiarias, sesmarias, pescados, o quinto, exportação, embarcações, comércio, munições, carregamentos e o serviço militar.

Cópias deste e outros documentos da época fazem do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) um espaço para pesquisas sobre o período colonial capixaba. Dentre eles destaca-se o material do Arquivo Ultramarino de Portugal, localizado em Lisboa, cuja reprodução microfilmada e digitalizada foi adquirida pelo APEES em 1998. Ele é composto de uma farta documentação político-administrativa como requerimentos, ofícios, correspondências entre autoridades portuguesas e seus representantes no Brasil, além de informações alusivas ao tráfico de escravos e às questões judiciárias, militares e administrativas. Os dados estão dispostos em um inventário, que pode ser consultado nos links:

http://www.ape.es.gov.br/PDF/Catalogo_Doc_Manuscritos_Portugal1.pdf

http://www.ape.es.gov.br/PDF/Catalogo_Doc_Manuscritos_Portugal2.pdf

Período Colonial no Espírito Santo

Há 479 anos começou o processo de colonização do solo espírito-santense. Era o dia 23 de maio, um domingo, quando a caravela Glória atracava nas proximidades do penedo rochoso, onde posteriormente se construiria o Convento da Penha. A Prainha, em Vila Velha, foi o local escolhido para o desembarque da comitiva. O historiador Luiz Cláudio M. Ribeiro, no artigo “Modos de ver (1534-1643): o governo da capitania do Espírito Santo na sua primeira centúria”, afirma que: “Estudar o passado do Espírito Santo no período em que a capitania era parte do tabuleiro do jogo de Portugal para o Atlântico e Índia frente a uma competição com outras nações europeias é tarefa complexa e agravada pela dificuldade do acesso às fontes e pelo atraso na formação de uma crítica historiográfica vigorosa e permanente sobre o tema”. Porém, tem-se, atualmente, um esforço em ampliar e aprofundar os conhecimentos, modificando algumas concepções construídas sem comprovação suficiente, sobre as origens do Espírito Santo.

Sobre a Capitania destaca: “Situada junto ao mar e em forte dependência do transporte marítimo, sua economia se baseava na produção local e no movimento de pessoas e cargas nos trapiches em que ocorriam as operações de produção, embarque e desembarque, praticados em barcos de pequeno porte e de longo curso”. Conforme o autor, a instalação da colônia demandou a construção de embarcações de menor porte para o transporte realizado no interior da Ilha, o que foi importante para o controle dos portugueses sobre a baía do Espírito Santo e para a ocupação da Ilha de Santo Antônio, na qual se fundou a principal vila. Luiz Cláudio ressalta também as dificuldades enfrentadas pelos primeiros governantes, que precisaram adentrar o território, distribuir as terras e definir os limites junto aos donatários do entorno.

Imagens: Reproduções do livro "Espírito Santo: documentos administrativos coloniais - Fundação Jones dos Santos Neves - 1979"

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