Encontro na Galeria Homero Massena promove debate sobre o tema educação antirracista
Um exercício de análise e reflexão a partir das fotografias que compõem a exposição “E eu, mulher preta?” — em cartaz na Galeria Homero Massena, em Vitória — faz parte da proposta da atividade de formação voltada para profissionais da educação. O segundo encontro acontece nesta quinta-feira (20), com o tema “Educação antirracista: fotografias e empoderamento coletivo como estratégias de resistência”, conduzido pela fotógrafa Taynara Barreto e pela curadora Marilene Pereira.
Embora tenha como público-alvo professores, estudantes de licenciatura e demais educadores, a formação é aberta ao público em geral. Com entrada gratuita, o encontro começa às 10h, na própria galeria. Não há obrigatoriedade de se inscrever previamente, para poder acompanhar o bate-papo, mas a inscrição garante o certificado de participação (para isso, basta acessar este link e seguir os passos).
Segundo a fotógrafa Taynara Barreto, o encontro possibilita ao público entrar em contato com as ideias que dão base às discussões propostas pela exposição. “É um convite para que a sociedade possa olhar, por meio de nós, fotógrafas, para a realidade das mulheres pretas, para a existência e essência delas. Acredito que a exposição tem cumprido com excelência essa finalidade, aproximando-se dos profissionais da educação, para que possam multiplicar e consolidar fora da galeria tudo o que fizemos”, afirma.
Ela acrescenta que pretende compartilhar um pouco do que suas vivências, por meio da fotografia, ensinaram acerca da luta antirracista. “Sou uma fotógrafa negra e tenho dedicado parte do meu trabalho a documentar o que me permeia nesse aspecto. Esses registros são um símbolo máximo de memória e valorização de tudo aquilo que nos foi negado em algum momento da história. É honrar quem eu sou e aqueles que vieram antes de mim”, ressalta Taynara Barreto.
Sobre a exposição
Além dos trabalhos de Taynara Barreto, a exposição conta ainda com obras de Ana Luzes, Luara Monteiro e Thais Gobbo. Todas elas colocam em foco o empoderamento coletivo como estratégia de resistência; questões como a violência contra a mulher negra; padrões de beleza impostos pela sociedade eurocêntrica; os afetos; o autoconhecimento; e práticas e tradições religiosas de matriz africana.
Realizado com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), da Secretaria da Cultura (Secult), o projeto foi concebido a partir do questionamento da invisibilidade das mulheres pretas e tem como foco ressignificar suas identidades por meio de fotografias artísticas. “A ideia se materializou após minha imersão na literatura feminista negra, com ênfase na interseccionalidade. O livro de bell hooks intitulado ‘E Eu Não Sou Uma Mulher?’ e o discurso de Sojourner Truth serviram de inspiração para o nome da exposição”, conta Marilene Pereira — que dividiu o trabalho de curadoria com a fotógrafa Thais Gobbo.
Para a exposição, foram fotografadas dez mulheres negras de Vitória, Ibiraçu e Alegre. As obras, que enfatizam movimento e força, apresentam diferentes facetas das mulheres pretas. Muitas das imagens destacam cores vibrantes, outras se traduzem no preto e branco. Ao todo, compõem a exposição 20 fotografias.
“Foi com base na história de vida delas nas regiões em que moram, na forma como são conhecidas em seus universos. A gente escolheu dar visibilidade às diversas potencialidades dessas mulheres”, explica Marilene Pereira sobre a escolha das personagens que estão em destaque na exposição.
Quem faz a exposição
Marilene Pereira. Idealizadora e curadora da exposição, é de Vitória. Cresceu no bairro Santo Antônio e estudou em escolas públicas da região. É mestra em Educação, na linha de Práticas Educativas, Diversidade e Inclusão Escolar pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com a dissertação “Interseccionalidades, mulheres quilombolas e possibilidades que emergem da participação solidária”. É também professora, produtora cultural e militante do movimento de mulheres negras.
Taynara Barreto. Fotógrafa, comunicadora e produtora cultural, é a primeira mulher do Espírito Santo a ganhar o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia. Seu trabalho de pesquisa visual em culturas populares resultou no projeto de pesquisa “Residência Artística com o Caxambu do Horizonte: Uma urgente imersão em um dos mais respeitados grupos culturais originários do Espírito Santo”. Além de ter sido contemplado pela Lei Aldir Blanc (Secult), o trabalho também ganhou o prêmio Boas Práticas da Promoção de Igualdade Racial no Espírito Santo, entregue pela Secretaria de Direitos Humanos (SEDH) e a 35ª Etapa Regional do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Ana Luzes. Deslumbrada por cenas do cotidiano urbano, a fotógrafa está sempre em busca de instantes únicos que compõem as cidades. Por meio de fotografias artísticas e documentais visa à ressignificação de histórias não contadas e não vistas. Seu olhar sensível sobre seu entorno lhe permite vislumbrar diferentes perspectivas sobre coisas simples e monótonas da vida, fazendo com que a beleza natural delas se sobressaia em cada imagem. Graduada em Fotografia pela Universidade de Vila Velha (UVV), já integrou mostras fotográficas nacionais e internacionais.
Luara Monteiro. É formada em Artes Plásticas pela Ufes e tem pós-graduação em Desenvolvimento e Cultura pelo Centro Universitário Senac. Trabalha com propostas relacionadas à tecnologia, à educação popular e à ancestralidade. Fomenta diferentes ações, no campo cultural, social e ambiental, relacionando a experiência poética e arte educação em diferentes linguagens: fotografia, ilustração, intervenção urbana, design e vídeo. Desenvolve ações de articulação e elaboração de projetos em periferias e com povos tradicionais e originários. Participa da Rede Urbana de Agroecologia Capixaba (Ruca). Desde 2016, atua também como tatuadora residente no 7Luas Tattoo Studio, em Vitória.
Thais Gobbo. Moradora da região conhecida como Território do Bem, em Vitória, é fotógrafa desde 2012, comunicadora popular, modelo e também atua como produtora e editora no “Calango Notícias”, jornal do Ponto de Cultura Varal Agência de Comunicação/Ateliê de Ideias. Já ministrou mais de 40 oficinas sobre olhar fotográfico e iniciação à fotografia. Foi uma das idealizadoras do projeto “Subida ao Farol de São Benedito”. Participou do Coletivo Nacional de Comunicação do Levante Popular da Juventude e, em sua trajetória, foca seus trabalhos em retratos como ferramenta de empoderamento de histórias, pessoas e lugares. Thais Gobbo já participou e realizou curadorias em oito exposições fotográficas. Suas vivências em coletivos e projetos culturais, além do seu ativismo e olhar sensível através da fotografia há mais de 10 anos, possibilita a realização de curadorias que fortalecem uma seleção com empoderamento de histórias, aplicação de técnicas e sensibilidade no olhar.
Serviço:
“Educação antirracista: fotografias e empoderamento coletivo como estratégias de resistência”
Com Marilene Pereira e Taynara Barreto
Quando: quinta-feira (20)
Horário: às 10h
Onde: Galeria Homero Massena, Rua Pedro Palácios, 99, Cidade Alta, Vitória
Entrada gratuita
(Para obter o certificado de participação, é preciso inscrever-se neste link)
Exposição “E eu, mulher preta?”
Visitação: Até 12 de agosto
De segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados e feriados, das 10h às 16h
Onde: Galeria Homero Massena, Rua Pedro Palácios, 99, Cidade Alta, Vitória
Entrada gratuita
Informações e agendamentos: (27) 3132-8395
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação da Secult
Tiago Zanoli / Danilo Ferraz / Karen Mantovanelli / Juliana Nobre
Telefone: (27) 3636-7111
Whatsapp: (27) 99753-7583