Imagens dos carnavais antigos de Vitória são preservadas no Arquivo Público
No dia 10 de fevereiro de 1864 o jornal "Correio da Victoria", o primeiro com circulação periódica no Espírito Santo, trouxe a seguinte notícia: "Aplaudiu-se nos dias 7,8 e 9, os festejos carnavalescos, como era de esperar da bela rapaziada, percorrendo as ruas grande número de máscaras". Trata-se de uma das primeiras menções documentadas sobre o carnaval na cidade de Vitória. Por meio do acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) pode-se conhecer um pouco mais das características dos carnavais que agitavam a cidade e envolviam os moradores nos desfiles dos mascarados, na compra das fantasias e nas serpentinas dos salões da Rua São Francisco.
A leitura dos anúncios dos periódicos do século XIX possibilita apreender a relevância social que o carnaval possuía. Nos dias que antecediam a festa as lojas publicavam a chegada de adereços para a venda, até mesmo provenientes de Paris. Nas datas próximas ao carnaval divulgava-se também a programação da festa. Em algumas situações, foliões aflitos enviavam cartas aos jornais perguntando como seriam as comemorações.
Anselmo Gonçalves, no livro "Carnaval Cem Anos", utiliza-se da memória dos moradores, para trazer à cena a beleza dos carnavais antigos. No final do século XIX , as comemorações ocorriam no Centro da cidade, com destaque à Rua do Rosário e à Sete de setembro. Nesses espaços ficavam também as vendas cheias de novidades para os foliões se arrumarem para a festa. O carnaval do Centro, com fitas douradas e roupas de luxo, constratava com o "carnaval periférico", que ocorria na Cidade de Palha, hoje Vila Rubim. No local ocorriam guerras de mamonas - fruto do mamoeiro. Era comum que as brincadeiras se transformassem em brigas mais acirradas.
Segundo o autor, no final do século XIX, havia o desfile das carroças, que saía da Rua do Rosário e alcançava, a São Francisco, na Cidade Alta. Dois principais clubes animavam a capital, o Indiano e o salão da Rua da Alfândega, no qual, conforme diz: "(...) com capacidade para 200 pessoas e exigências de fantasias de dominó, pierrot, príncipes, marinheiros e a banda Caramurú, disputavam a frequência dos carnavalescos". No início do século XX os confetes e serpentinas vieram somar a ornamentação e trouxeram um novo colorido às festividades. "Era o surgimento das 'batalhas de confete', realizadas com requinte e luxo, de muitos chapéus coloridos, lenços brancos, vestidos de cintura baixa" discorre Gonçalves.
Banco de Imagens do APEES
Para conhecer mais esta e outras histórias que formam a memória capixaba o APEES dispõe de um banco com aproximadamente 50 mil fotografias composto por duas coleções. Uma delas abrange imagens dos anos de 1908 a 1912 e refere-se ao período no qual Jerônimo Monteiro era presidente do Estado. No catálogo há diversas fotos da cidade de Vitória, de atos governamentais e das festividades. As fotografias de carnaval fazem parte desse acervo. A outra coleção remete ao período de 1944 a 1979 e trata-se dos registros dos atos oficiais dos Governadores. Nela há, por exemplo, inaugurações de escolas, estradas e postos de saúde, dentre outras ações realizadas durante os mandatos.
As imagens estão em formato de negativo de vidro ou em papel e estão disponibilizadas à consultada na sede do Arquivo Público, localizado na Rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória. A digitalização pode ser solicitada pelo consulente.