O Cachoeirano’ festeja e anuncia: está proclamada a República!
O periódico, que faz parte do acervo do Arquivo Público, mostra a repercussão política da Proclamação da República.
“Telegramas do Rio noticiam – Proclamação da República Brasileira – bem como já está constituído o Governo Provisório com aclamações populares” anuncia o jornal “O Cachoeirano”, na edição de 18 de novembro de 1889. O periódico, que faz parte do acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (Apees), permite apreender a repercussão da nova configuração política em Cachoeiro de Itapemirim, local no qual se iniciou a campanha pela proclamação no Espírito Santo.
Segundo a historiadora Nara Saletto, no livro “Sobre Política Capixaba na Primeira República”, o movimento republicano começou tardiamente no Espírito Santo. As ideias que o inspiravam circulavam desde a década de 1870, sobretudo entre estudantes e profissionais liberais, mas apenas a partir de 1887 foram organizadas ações pela implantação da República no Brasil, com a criação de clubes específicos sobre o tema. O primeiro e mais importantes deles foi o de Cachoeiro de Itapemirim, que tinha “O Cachoeirano” como espaço de circulação de suas atividades.
O periódico, fundado em 7 de janeiro de 1877, por Luiz de Loyola e Silva, era o principal propagandista da República no território capixaba. Foi com a redação de Bernardo Horta de Araújo, a partir de julho de 1888, que a publicação tornou-se a porta-voz dos republicanos. Era nela que eles divulgavam as atuações para as mudanças do Governo e as convocatórias e resultados das reuniões.
O Cachoeirano
“Caiu afinal a hydra da monarchia: Viva a República Brasileira! Viva o Governo Provisório”, bradava a edição especial do jornal. Nela publicaram-se os boletins recebidos: “A todas as redações do Brasil: A câmara municipal desta cidade, reunida em sessão, aclama unanimemente a República dos Estados Unidos do Brasil, reconhecendo o Governo Provisório”. Divulga ainda a circular da Proclamação: “O povo, exército, armada nacional, em perfeita comunhão, sentimentos com os concidadãos residentes na Província, acabam de decretar a deposição da dinastia imperial, consequentemente do sistema monárquico representativo”.
No periódico do dia 28 de novembro de 1889 o tema continua a ser discutido. São expostos o decreto do Governo Provisório e a mensagem dirigida a Dom Pedro II pelo marechal Deodoro da Fonseca. Descrevem-se também as festividades ocorridas, mostrando a força das ações republicanas: “No dia 16 do corrente às 6 horas da manhã, depois de afixada na porta da estação telegráfica a circular que distribuímos em boletins e que já foi publicada em nossa edição especial do dia 18, imediatamente a banda de música Euterpe Cachoeirense reunida na casa do cidadão João Loyola, proprietário de ‘O Cachoeirano’ e um dos que muito trabalhou em prol da causa republicana (...) saiu a percorrer as ruas entoando a Marselheza ao espocar de inúmeros foguetes e entusiasmados vivas”.
Coleção Imprensa Capixaba
A imprensa do Espírito Santo no século XIX, na qual “O Cachoeirano” se insere, é marcada pela expansão do público leitor, das tiragens e números de títulos. A política e os meios de comunicação conjugavam-se a serviço dos partidos e afinidades intelectuais. No site do Apees, no link www.ape.es.gov.br/imprensa_capixaba/index.html, pode-se ter acesso ao acervo “Imprensa Capixaba”. Ao todo são 72 periódicos de 13 municípios, publicados desde o ano de 1849.
Informações à imprensa:
Arquivo Público do Estado do Espírito Santo
Jória Motta Scolforo
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