10/05/2016 15h43

“O negro no cenário capixaba” promove atividades culturais e roda de conversa na sede do Arquivo Público

O som do samba, belas imagens e um bom papo marcaram a abertura da exposição fotográfica “O negro no cenário capixaba”, na última terça-feira (27), na sede do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (Apees). Na ocasião, uma roda de conversa debateu o tema “Invisibilidade”, destacando a necessidade de valorização e reconhecimento dos afrodescendentes. A psicopedagoga e proprietária do Avivar, salão especializado em cultura afro, Rozi de Sá, idealizou a atividade, realizada em parceria com o Apees e o Instituto Elimu.

De acordo com o diretor geral do Apees, Agostino Lazaro, ainda há muito a avançar no que se refere à luta contra a invisibilidade, sendo o Arquivo um local aberto para discussões sobre a liberdade, direitos humanos e a cidadania. “Os documentos que temos no Apees relacionados aos negros é um dos mais ricos de todo o nosso acervo. Porém, infelizmente, essa ainda é uma história a ser contada. Precisamos que mais pesquisadores busquem essas fontes e as utilizem, trazendo novas informações e dados sobre essa memória tão relevante” afirma.  

A roda de conversa “Invisibilidade” contou com a participação do vereador da Câmara de Vitória, Eliézer Tavares, propositor de projeto de lei para reserva de vagas para afrodescendentes em concursos públicos na cidade de Vitória; do coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) Gustavo Forde; da gerente de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos, Vanda de Souza Vieira e do professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenador do mestrado em Ciências Sociais, Osvaldo Martins de Oliveira.

Segundo Gustavo Forde a questão principal não é dar voz ao negro, pois eles sempre a tiveram, o que falta é o ato de escutá-la. “Querem nos convencer de que não existimos e não fazemos parte, por exemplo, da cultura, da ciência e da tecnologia, nos aprisionando apenas em espaços limitados, como a música e o esporte. Porém, não se pode esquecer, que estamos em todos os lugares. Nós somos o princípio da criação do Brasil e parte fundadora da religiosidade, da economia, das atividades agrícolas e dos movimentos sociais. Estamos, portanto, em todos os ambientes, organizações e processos, mas muitos querem nos educar para que isso não seja percebido” afirma.

Osvaldo Martins destaca também a invisibilidade do negro. Para ele, da mesma forma que se produz a invisibilidade, é possível produzir a visibilidade, possuindo o Arquivo Público, nessa questão, papel fundamental enquanto construtor da memória. “Produzir a visibilidade é produzir uma história” argumenta Martins.

Exposição Fotográfica

A exposição, que permanecerá no local pelo período de um mês, contempla o trabalho dos fotógrafos Caio Perim, Lino Feletti, Sandro Silva, Tião Xará e Kelimar Dias Malta e mostram ensaios de moda com mulheres negras, manifestações da cultura popular - como a folia de reis e o Ticumbí, momentos de expressão de fé, crianças quilombolas e figuras importantes no meio artístico, como o sambista Edson Papo Furado.

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