10/10/2017 14h32 - Atualizado em 18/12/2017 13h34

Revivendo o Melpômone traz exposição para o Arquivo Público

O Teatro Melpômene, construído no final do século XIX no Centro de Vitória, foi uma das salas de espetáculos mais importantes da capital capixaba. Para trazer à cena a sua história, o projeto “Revivendo o Melpômene” promove no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) uma exposição com fotografias, maquetes, plantas, memoriais descritivos e projeções visuais. A mostra segue até o mês de fevereiro e pode ser visitada das 10h às 17h30, de segunda a sexta-feira, na sede da instituição.

A organizadora, a arquiteta Colette Dantas, explica que o “Revivendo o Melpômene” reuniu uma equipe multidisciplinar de profissionais das áreas de teatro, história, arquitetura, ciências sociais, comunicação e design, que partiu de uma pesquisa histórica e iconográfica sobre o Theatro Melpômene, para reconstruir as memórias deste importante precursor dos equipamentos culturais da cidade de Vitória, produzindo resultados em diversas plataformas: um livro, maquetes física e eletrônica, intervenção cênica e um website (www.theatromelpomene.com).

A nova temporada da exposição, anteriormente em cartaz no Theatro Carlos Gomes, foi agregada no Arquivo Público com as plantas arquitetônicas originais de Filinto Santoro, pertencentes ao acervo do APEES. “O nosso objetivo é reconstruir (e deixar registrada) algumas das múltiplas memórias produzidas pelo Melpômene, sob as diversas óticas de campos envolvidos. Queremos também abrir as portas e janelas para novas reconstruções de memórias dessa edificação. Cenário de facetas múltiplas de uma cidade, de um movimento artístico-cultural e de costumes de uma sociedade” destaca Dantas.

Theatro Melpômene

No site do projeto é possível conhecer a história do monumento e também ter acesso a diversas imagens que compõem as suas lembranças. Ele foi inaugurado em 1896 na Praça Costa Pereira e demolido em 1925, um ano após sua interdição. A fachada era toda modulada em painéis de madeira com sistema de travamento cruzado interno das peças. Elas foram trazidas de navio do Rio de Janeiro, de onde já vieram modeladas.

Para a sua construção foram contratados diversos profissionais italianos, dentre eles o projetista da obra – Filinto Santoro, o pintor Spiridioni Astolfoni e o ajudante de serviços André Carloni. Internamente, na sala de espetáculos observam-se as ordens da plateia: térrea, frisas, camarotes e galerias. A planta em ferradura revela o traçado das edificações teatrais neoclássicas. Foi a primeira edificação de Vitória a ter luz elétrica fornecida por gerador próprio.

O teatro recebia uma diversidade de atrações, principalmente espetáculos cênicos. Exibiu a primeira sessão pública de filmes em 1901 e instalou no espaço um dos primeiros cinemas da capital. Os eventos políticos e sociais também eram frequentemente abrigados pelo Melpômene, como bailes de carnaval e banquetes.

Em 8 de outubro de 1924, durante a sessão da película “Ordens Secretas”, um princípio de incêndio na cabine de projeção levou o público ao pânico. O desespero fez algumas pessoas se jogarem do balcão para dentro e para fora do teatro. O fogo foi controlado, mas dois mortos e dezenas de feridos foram o resultado da tragédia, que levou ao encerramento das atividades. O edifício foi interditado em 1924 e em 1925 foi totalmente desmontado. Todo o material foi adquirido por André Carloni, que construiu o Theatro Carlos Gomes utilizando as colunas metálicas do Melpômene para sustentar as galerias dos camarotes do novo espaço.

Informações à imprensa:

 

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