09/02/2018 16h40 - Atualizado em 09/02/2018 16h44

“Viva o momo! Viva a diversão!”: as sociedades carnavalescas anunciam a folia

“Disseram que estava morta. A Phenix carnavalesca. Que sempre manteve a palma. Na grande festa momesca. Mas eis que da própria cinza. Ela ressurge, altaneira. E às cinzas só voltará. Com as cinzas de quarta-feira” anuncia o periódico Diário da Manhã, no dia 14 de fevereiro de 1926. Adentrar nas lembranças dos antigos carnavais capixabas é percorrer os convites, os avisos dos eventos e as notificações de recebimento de fantasias – provenientes até mesmo de Paris, que ocupavam largo espaço na imprensa do final do século XIX e início do XX. Nos preparativos para a folia destacavam-se as “Sociedades Carnavalescas”, entidades compostas por sócios que se reuniam para elaborar e organizar as festividades. Nos documentos do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) é possível conhecer um pouco mais esta história.

No Estatuto da “Sociedade Phenix Carnavalesca”, fundada em 1901 e atuante em Vitória, é informado que os seus fins são realizar festas - familiares ou não - quer nos dias consagrados ao carnaval, quer em outros e proporcionar qualquer outro meio de distração permitido em lei. Para exercer suas funções ela possuía uma sede e uma estrutura hierárquica, composta por diretores, conselhos fiscais, secretários e tesoureiros. Os jornais da época referem-se a esta e outras agremiações e sociedades, em diferentes municípios, tais quais: Mephistopheles, Clube Camisola, Bollinhas, União dos Pescadores, Barrigudos, Plutões Carnavalescos, Vampiros, Az de Ouro, Morcegos, Filhos da Montanha, Caçadores, União Operária, Vamos de Qualquer Maneira e Chuveiro de Ouro.

Nos impressos é possível apreender a relevância social que o carnaval possuía. Nos dias que antecediam a festa, as lojas publicavam a chegada de adereços para a venda. Nas datas próximas, divulgava-se a lista de bailes, blocos e passeios. Em algumas situações, foliões aflitos enviavam cartas perguntando como seriam as comemorações. Na publicação “Commercio do Espírito Santo”, de 10 de fevereiro de 1897, a “Sociedade Carnavalesca dos Bohemios” divulga a sua programação, deixando nas entrelinhas a percepção de uma certa rivalidade entre as associações: “Sempre animada! Sempre nutrida dos maiores sucessos. A única que na Victoria tem recolhido os melhores aplausos”. No anúncio, os sócios chamam a população para os festejos: “Preparai vossos ginetes. Para a festa sem rival. Vinde ver os bohemistas. Ufanos no carnaval”.

Na descrição dos eventos afirma-se que a Rua Sete de Setembro, no Centro da cidade de Vitória, receberia duas magníficas bandas, a Peroá e a Caramuru. Sete carros – denominados de crítico, alegórico e de honra – também fariam parte da ornamentação. Reafirmando a superioridade perante a concorrência, reforçam: “Incontestavelmente serão os dias mais agradáveis para a capital. A festa ‘Clube dos Bohemios’ será a única que maior sorte dará. Ainda que chova nestes dias, as máscaras de outro mundo, ainda mesmo que caiam os maiores raios de uma luz elétrica, os bohemistas se apresentarão galhardos e sempre na ponta”. No Commercio do Espírito Santo, de 16 de fevereiro de 1893, tem-se uma descrição de como foi a diversão após a sua ocorrência. Segundo o redator, o carnaval foi animado, especialmente no terceiro dia, pois foi maior o número de mascarados. “A Phil´Orphenica, tocando da tua Cristovão Colombo, no bairro da Capichaba, durante a tarde de terça-feira, fez afluir um grande número de amantes das festas carnavalescas comenta.

Acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo

Para conhecer mais esta e outras histórias que formam a memória capixaba, o APEES dispõe de um banco de imagens com aproximadamente 52 mil fotografias. Elas estão em formato de negativo de vidro ou em papel e estão disponibilizadas à consultada na sede do Arquivo Público, localizado na Rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória. A digitalização pode ser solicitada pelo consulente. Há também a coleção “Imprensa Capixaba” formada por 75 periódicos de 13 municípios, publicados desde o ano de 1849. Todos os jornais estão disponibilizados online no site da Hemeroteca Digital: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/.

Informações à imprensa:

 

Arquivo Público do Estado do Espírito Santo

Jória Motta Scolforo

3636-6117/99633-3558

comunicacao@ape.es.gov.br

Facebook:Arquivo Público do Estado do Espírito Santo

2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard